O tantra de leigo para leigo

Quando começo a falar de tantra alguém já logo olha pra mim com aquela cara de “nossa você participou de uma suruba?”, geralmente é esse o pensamento do desavisado. Mas tantra não é nada disso. Aliás, quem dera as pessoas, até mesmo os mais religiosos tivessem a visão que o pouco que sei do tantra me deu.

A lição que aprendi é que o sexo é um ato sagrado, de comunhão entre dois Seres e a energia Divina onde dois se tornam Um. Esses dois, antes de saírem por aí partindo para o tudo ou tudo mesmo, precisam estar purificados, desprovidos de medos e preconceitos, dotados de amor incondicional e de um desejo de partilhar o que tem de bom, de doar para o outro.
Eu diria que seria um processo que dura uns quatro dias antes de você realmente ter a relação como entendemos no ocidente.

A relação tântrica não é como muitos vem me perguntar, sobre aquele conceito imaginário de que o cara fica 5 horas lá sem parar. O ato sexual ou a relação ainda é um tabu muito grande em nosso país. Os mais velhos não discutem isso de forma sadia na maioria das vezes e os mais jovens evitam o assunto com seus pais ou amigos.

O tantra pode envolver ou não o ato sexual. Mas esse ato sagrado começa no olhar sutil, no carinho entre os parceiros. Não só na sedução, mas algo mais sublime, mais poético, mais forte e suave ao mesmo tempo.

Imagine então que o tantra não vai te transformar num atleta sexual e se oferecerem sexo tântrico a você pode 1 hora ou 2 horas, saiba que você está sendo enganado ou enganada. Para praticar o tantra você teria que, no mínimo, tirar o dia todo.

O tantra é algo sem pressa, uma doação de sentir, uma porta que se abre para algo muito além do que pode-se chamar de gostoso, muito melhor que um orgasmo ou um milhão deles juntos, é o respeito pelo Divino, afinal é do ato que pode surgir um filho, o maior milagre da vida. É como deixar que Deus traga um filho através de você e seu parceiro ou parceira.
É uma dança que nunca acaba, é paixão, é amor, é vontade de viver e prosperar. É celebrar o santo, o sagrado ser que envolve ambos numa suave forma entrelaçada até se tornarem Um, um consigo, um com o outro, um com o Universo.

É tornar-se grato pela vida, ser saudável em pensamentos e desejos, é viver o agora, compreendendo o valor do ontem e do amanhã. É construir cada momento como se fosse o último, é despir-se da vergonha e amar o próprio corpo enxergando a beleza do outro(a) em si mesmo(a). É o desapego de tudo e de todos, é a respiração conjunta, numa força que transcende, que transmuta, que eleva o que seria um simples ato carnal naquilo que de mais próximo podemos fazer quando pensamos e tornar o Divino em tudo que somos e fazemos.

Isso é o tantra na minha visão de leigo. 😉

Namastê _/||\_