Correspondência – No tempo em que ter um(a) amigo(a) custava apenas R$0,01

Começo este texto dizendo que se não fosse o post Amigos por correspondência (ou como viajar quando não dá para viajar) da Thaís Freitas, de 2014, do Viajadora.com, eu, provavelmente nunca iria pensar em fazer este meu post.

Se não me falha a memória, em meados de 1996 ou ’97, eu era assinante de uma revista especializada de rock/heavy metal. Rock Brigade era o nome da revista. Lá tinha uma sessão onde pessoas anunciavam o interesse em se corresponder com outras pessoas com gostos musicais similares.

Internet? Não, nem pensar nisso. Ainda levaria um tempo para que as pessoas começassem realmente a falar de tecnologia, muito grotesca em relação aos dias atuais (2020). Nossa, e lá se foram 23 anos, pelo menos.
Ao contrario da Thaís (do post mencionado acima), eu não queria conhecer o mundo ou praticar inglês, eu só queria fazer amigos que gostassem da mesma coisa que eu, pois a presença desses fisicamente, no ambiente em que eu trabalhava, era algo muito escasso e eu vivia num isolamento social com relação a isso.

Por algum motivo que eu até sei qual, eu não guardei as centenas de cartas trocadas com as pessoas de todo o Brasil durante os anos me correspondendo. Sei lá, deu cinco minutos e acabei me desfazendo das cartas, exceto um desenho dado por uma amiga que fez um desenho a partir de um texto que escrevi. Cheguei a conhecer ao menos algumas pessoas pessoalmente. Na verdade uma banda chamada Pettalom, do interior de São Paulo. Uma cidade chamada Tatuí. Conheci por correspondência o saudoso vocalista, Marcos Riva e os demais membros da banda na época.

Ah é, você deve estar se perguntando “por quê ter um(a) amigo(a) custava apenas R$0,01?”

Simples. Na época e antes de haver exigência da pessoa ser participante do programa Bolsa Família, qualquer pessoa que fosse postar uma correspondência que tivesse escrito no envelope “carta social”, tinha o direito de solicitar, no momento da postagem, a tal tarifa especial de R$0,01. Isso mesmo, custava um centavo enviar cartas para seus amigos.
Lembro como se fosse hoje quando comecei a enviar para uma pessoa, depois outra, depois mais outra e logo já estava com uma lista de pessoas as quais eu trocava correspondências e…

Não! Não tinha essa de CD. Ainda estávamos nos acostumando com essa história de MP3, a guerra entre Metallica e Napster ainda estava por vir e trocávamos fitas cassete.
“Caraca Lilo, tu tá ficando velho, meu brother!”

Bem, voltando às cartas, nós trocávamos opiniões sobre bandas, mandávamos fitas cassete para os amigos e conheci até alguns casais inusitados. Lembro que me correspondia com uma garota do interior de São Paulo e com um cara que era vocalista de uma banda em Santos/SP. Um dia, chegou uma carta desse vocalista — que não lembro o nome agora — e ele falava dessa garota, disse que tinha namorado ela. Aquilo foi muito estranho, pois ele me perguntava como ela estava, mas eu nunca a tinha visto pessoalmente, só por fotos.

Ah sim, teve algumas pessoas que acabavam evoluindo o contato e acabávamos trocando outras formas de nos falar. Essa garota, a Dani Maiden (em alusão à banda Iron Maiden), nós tínhamos o telefone um do outro e nos falamos bastante. Também tinha o Márcio Barba de Santa Catarina. Nossa, esse cara e eu chegamos a planejar um Metalzine juntos. Era como um fanzine só sobre bandas de heavy metal.
Cheguei a entrevistar uma banda do sul chamada Steel Warrior.

A parte mais legal e por isso decidi fazer este post também, foi que meu gosto por escrever ficou bem latente nessa época. Eu descobri que tinha imensa facilidade nisso e as ideias brotavam com muita naturalidade para desenvolver os assuntos através da escrita. Foi nessa época que também conheci minha primeira paixão por leitura “Senhor dos Anéis”. Nunca antes um livro conseguiu prender tanto a minha atenção.

Teve uma outra pessoa que conheci pessoalmente, essa pessoa acabou virando uma das protagonistas do meu futuro livro. Sim, tem um lado muitíssimo importante essa lembrança com as correspondências. Foi graças a essa descoberta pelo gosto em escrever e descrever coisas e situações, que acabei montando este Blog, anos mais tarde e hoje tenho 2 livros publicados e disponíveis para compra na Amazon, “Sua Vida em Meus Sonhos” e “Liv Nuts – Ela só queria ser alguém“.

Lembro que mandava as cartas e depois ficava aquela expectativa de quando e se chegaria alguma resposta. Era a minha felicidade chegar em casa e ver a caixa do correio com várias cartas lá dentro. :))

Bom, tem muitas histórias sobre esse tempo, mas hoje vou ficando por aqui.
A Thaís tem uma lista de sites que ainda tem cadastro para esse tipo de correspondência, vou dar uma olhada depois e vou tomar a liberdade de replicar a lista exatamente como está.

Fonte do dados abaixo: Viajadora.com

Melhores sites para arranjar amigos por correspondência (pen pals):

Interpals – Esse é um dos sites mais famosos e tradicionais, e funciona como uma rede social, onde é possível fazer um perfil bem detalhado, mandar mensagens diretas, colocar muitas fotos e adicionar amigos. É bem legal e eu ressuscitei o perfil que tinha lá anos atrás, vamos ver o que aparece. haha

Penpal World – Esquema clássico de site onde é possível colocar o perfil, fazer buscas e trocar mensagens. Todo o contato é feito através do site e você só dá seus dados pessoais (email, Facebook, endereço postal…) se quiser.

Penpals Now Outro site bem tradicional, no mesmíssimo esquema do Penpal World.

Maarten´s Snailmail Pen Pals  – Eu usei muito esse site e ele continua com a mesma cara ultrapassada de 1998, mas ainda é muito legal e útil para encontrar gente realmente interessada em trocar cartas e fazer bons amigos por correspondência.

Todos esses sites citados são grátis. Mas se você estiver disposto a gastar um dinheirinho, tem também o site mais tradicional de todos:

International Pen Friends  – O International Pen Friends começou em 1967 como uma base de dados, que indicava pen pals que tivessem a ver um com o outro a partir do preenchimento de um formulário bem detalhado sobre os interesses e assuntos que cada um gostaria de falar. E agora, como site, ainda funciona da mesma maneira, analisando perfis de pen pals inscritos e fazendo as indicações. Para isso você paga cerca de U$20, mas é mais garantido de achar uma pessoa realmente interessada em manter uma amizade via correspondência e que tenha a ver com você. Eu nunca usei, mas dizem que é muito legal.