#06 Globo de Ouro – O prêmio conquistado por Fernanda Torres
O Globo de Ouro, prêmio conquistado por Fernanda Torres, diz muito mais que só a competência individual como atriz, mas tem algumas — talvez muitas — camadas.
Sim, o Globo de Ouro, inédito, vem de um DNA e tem uma história. Há 25 anos Fernanda, a mãe, era indicada e ficava no quase. Montenegro quase chegou lá com uma atuação brilhante (na opinião deste que vos fala) no filme “Central do Brasil”.
Agora, chegou a vez de Torres chegar lá!
E olha que eu li no portal da Folha – UOL que ela disse que não teria chance, imagine se tivesse?!
Uma das camadas é essa. De dedicação, profissionalismo e alcançar um sonho que parecia impossível.
A segunda camada — não por ordem de importância, pois todas elas são de igual importância, cada uma na sua esfera — é a do retrato daquilo que se trata a obra e o filme. “Ainda estou aqui” diz daquilo que, até hoje, não se curou, não se lidou, sequer sabemos como ou qual direção tomar para atender a demanda desse paciente chamado Brasil e a marca deixada pela ditadura.
Porém, existem outras camadas.
Existe a camada da mãe, Eunice Paiva que, interpretada por Fernanda Torres, mostra não só o enorme desafio da situação que viveu, mas aquilo que muitas mães e, porque não, pessoas, fazem ainda hoje.
Sim, aquele sorriso dizendo que está tudo bem quando, por dentro, está tudo em ruínas. É um sofrimento, uma luta, uma jornada solitária. Pois, a dor de cada um é uma dor que nunca saberemos exatamente quanto dói.
É a camada da filha cujo pai diz que volta logo, mas esse dia nunca mais chega. Portanto, a camada de quem vê alguém partir e só depois se dá conta de que aquela foi a última chance.
São dores, cicatrizes, traumas, medos em meio à esperança e resiliência que constroem histórias de derrotas e vitórias.
Parabéns Fernanda Torres e ao cinema nacional. Hoje será lembrado como uma copa do mundo para muitos. Mas, que o percurso e tudo aquilo que essas camadas custaram, jamais sejam esquecidos.